quarta-feira, 17 de agosto de 2011

2º Dia de Filmagem - Salve Jorge

Pesquisa
Quando pensei em um bar que reunisse famílias e pessoas de todas as idades, o Salve Jorge da Vila Madalena instantaneamente me ocorreu. Ele combina vários aspectos que o tornam interessante para a proposta do documentário: apesar de não ser muito antigo (foi inaugurado em 2004), tem um ar de bar tradicional, que mistura boa bebida a boa comida de boteco; remete a elementos da cultura popular brasileira através da alusão a seus vários jorges (São Jorge - padroeiro do Corinthians -, Jorge Bem, Jorge Mautner, Jorge Amado...) na decoração cheia de detalhes; é um dos mais procurados e sempre lotados de um dos pontos mais famosos por sua “boemia” na cidade. Além disso, reúne uma incrível variedade de famílias e amigos no almoço de domingo, em um ambiente descontraído e com luz e estética ótimas para filmagem.

Vista de dentro do bar em um almoço de domingo

Não sou frequentadora assídua, mas já havia bebido algumas vezes naquelas mesas e voltei lá alguns domingos para confirmar que o público era mesmo interessante para a proposta – e era! -, tirar algumas fotos para pensar em ângulos e planos e, é claro, pedir autorização aos responsáveis. Falei com o gerente, que me deu os contatos dos donos, Fábio e Flávio. Falei com o Fábio durante a semana e ele prontamente concedeu a autorização – com a ressalva de não incomodar os clientes, é claro. Sem problemas, afinal, só dá entrevista quem se sente à vontade, não é o tipo de coisa que vale a pena ou tem sentido forçar a barra.

Pré-produção
Desta vez, a operação toda foi bem mais fácil, uma vez que já tinha uma experiência anterior. Uma novidade também facilitou muito as coisas: comprei uma câmera Cânon T3i, que será usada como câmera principal. Além de facilitar muito a logística de empréstimos, pude me dedicar a aprender mais sobre como manipulá-la e testar diferentes possibilidades de imagem.


Detalhe do teto do Salve Jorge, que pode ser aberto e fechado conforme o tempo

Outro facilitador foi a data da gravação, um domingo, o que permitiu conseguir mais pessoas para compor a equipe de filmagem. Por isso, desta vez, peguei uma câmera Sony HandyCam emprestada da faculdade. Escolhi usá-la como auxiliar, porque é mais fácil de manipular, fazer movimentos mais livre e não exige tanta técnica, o que facilita na hora de encontrar uma pessoa que possa fazer o papel de segunda(o) câmera - já que, apesar de ter encontrado amigos muito dispostos a participar de todas as gravações, sempre podem ocorrer problemas de agenda e algum deles não poder ir. Além disso, como a imagem da primeira câmera é de alto padrão, seria difícil contar sempre com outra câmera do mesmo nível (já que as da faculdade são bem concorridas). E como a função de cada câmera é bem diferente e definida, fui aconselhada pelos técnicos a pegar esta câmera de mão, pois a mudança de imagem não ficará estranha ou incômoda, pode até ser uma “quebra”, um “respiro” na edição do filme.

Assim, a câmera principal terá a função de fazer os planos de localização do bar a ser filmado (filmar a fachada, a rua e as imediações), alguns planos gerais do bar e detalhes, além de planos mais abertos e fixos dos entrevistados, principalmente quando forem grupos de entrevistados, apesar de poder se mover um pouco de acordo com qual deles estiver falando mais. Já a câmera auxiliar vai ser usada principalmente durante as entrevistas, buscando focar detalhes e trejeitos dos entrevistados; além disso, filmará também um pouco dos bastidores.

Desta vez, a câmera principal foi operada, novamente, por Gabriel Portella e a câmera auxiliar pela Taiana Ferraz. Já o som ficou por conta do Gustavo Braga, meu namorado, também muito solidário e entendido no assunto.

Peguei um boom emprestado na faculdade e levamos o mesmo gravador zoom usado na primeira gravação. Ao testar os dois, escolhemos ficar com o zoom, já que o ambiente era bastante barulhento e este gravador com microfone acoplado permite fechar o ângulo de captação de som e direcioná-lo exatamente à boca do entrevistado, proporcionando uma captação bastante nítida, mesmo em ambientes como aquele.

Domingo em famílias
Dia documentado: 07/08/2011, domingo. (Mais um dia de sol depois de uma semana toda cinzenta – talvez seja sorte de principiante!)

Calçada em frente ao bar - filmar o entorno da locação ajuda a localizar o espectador 

Chegamos ao bar antes das 12h e ele ainda estava fechado. Filmamos a movimentação do pessoal se preparando para abrir e fizemos detalhes de trás do balcão, além de ir ganhando confiança dos funcionários, que nos ajudaram bastante durante o dia. Eu mesma filmei alguns takes, agora que aprendi a mexer com a câmera, o que pode deixar o documentário mais autoral.

Conforme iam chegando os clientes, fomos observando cada mesa com entrevistados em potencial e filmando cenas avulsas. Depois, abordamos alguns grupos de amigos e famílias que estavam bebendo e se mostraram mais descontraídos e abertos ao diálogo. Desta vez, decidi fazer “entrevistas” (conversas) em grupo, para não estragar o clima de interação entre as pessoas e aproveitar os debates que podiam surgir entre elas. Puxei uma cadeira para o canto da mesa e fui tentando me “enturmar”, mais do que entrevistar, porque queria conseguir um nível de descontração e familiaridade que possibilitasse conversas francas, papos de bar. Não queria que as pessoas se sentissem incomodadas ou inferiorizadas por entrevistá-las de pé, de cima, queria mostrar que o que elas têm a dizer é tão importante quanto o que um especialista sobre o assunto pensa, afinal, elas são as verdadeiras protagonistas da história que estamos construindo.


O resultado foi incrivelmente animador, melhor ainda do que eu esperava! Consegui depoimentos sinceros, debates interessantes entre os próprios entrevistados, que pareceram se esquecer da presença da câmera.

Ficamos lá até quase 17h e saímos exaustos, mas muito felizes!

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