segunda-feira, 15 de agosto de 2011

1º Dia de Filmagem - Bar do Russo


Pesquisa
Não propositadamente, as filmagens começaram do começo - com as cenas que provavelmente abrirão o filme. Queria mostrar um bar abrindo bem cedo e as pessoas que já vão tomar umas logo de manhã. Fui procurar lugares assim no centro da cidade, mas não encontrei, apenas alguns moradores de rua já alcoolizados desde a madrugada. A maior parte das pessoas que passava por ali eram trabalhadores que iam apenas tomar café da manhã antes de entrar no escritório. 

Pensei então que fazia mais sentido este tipo de bar estar nos bairros, mais perto das casas das pessoas que acordam cedo e já vão beber. Falei sobre isso com meu avô, que mora bem perto da minha casa, e ele disse que conhecia um lugar perfeito para a gravação: o bar de um amigo de longa data dele (hoje gerido pelo filho) que abre todo dia por volta das 8 da manhã e logo se enche de clientes - ele mesmo costumava frequentá-lo quando ainda podia beber.
 
Ele me levou até lá e tive a certeza de que era, realmente, a locação perfeita. Um bar no bairro do Ferreira, zona oeste, simples, antigo, cheio de história nas paredes, prateleiras e com seus frequentadores - a maioria antigos conhecidos -, um ambiente familiar com a descontração necessária para o surgimento de depoimentos sinceros, histórias de vida e causos de boteco. 


Primeira visita ao Bar do Russo (meu avô de verde e o dono do bar de azul)

A familiaridade com meu avô foi um ponto importante para a aceitação da minha proposta de filmar lá, já que o dono do bar e os clientes se sentiram mais seguros para confiar em mim e minha equipe. No entanto, a indicação do meu avô não me tornava parcial ao filmar lá, já que aquele ambiente era completamente novo para mim e guardava aquele distanciamento necessário para uma abordagem documental.

Pré-produção
Escolhida a locação, voltei lá para fotografá-la e desenhar uma "planta baixa" do bar para mostrar ao resto da equipe - principalmente o câmera - que não pode ir junto comigo na fase de pesquisa. Assim, pudemos pensar em alguns posicionamentos de câmera interessantes de acordo com a disposição dos elementos do local e a luz. Isso também nos ajudou a fazer uma lista de takes para não esquecer na hora de gravar.


Planta baixa feita por Tina Escaleira (nada como uma mãe arquiteta)


Fotografar detalhes ajuda a pensar em planos interessantes

Além disso, tive que reunir a equipe, já que o TCC na ECA - USP é individual, mas é impossível fazer uma gravação de qualidade só. Neste dia, foram me ajudar o Gabriel Portella como câmera - um amigo solidário entendido no assunto que abraçou o projeto desde o começo e me ajudará com a câmera a e edição sempre que possível - e a Taiana Ferraz cuidando do som - recém-formada em Jornalismo na ECA e autora de um documentário sobre alambiques de cachaça como TCC que agora está me ajudando com o meu sempre que pode.

Também tive que ir atrás dos equipamentos, na base do empréstimo e aluguel, já que o empréstimo da faculdade estava fechado para férias. Conseguimos uma câmera Cânon 7D com um amigo do Gabriel e um gravador de áudio digital "zoom" com outro amigo dele. O microfone de lapela, aluguei com um técnico de som. O transporte da equipe, os lanchinhos e extras - pilhas, rebatedores de luz, etc. - também foram por minha conta. Outra coisa importante que também tenho que lembrar é de imprimir as autorizações de uso de imagem e som dos entrevistados e do estabelecimento onde vamos gravar.
 
Escrito, parece pouca coisa, mas na prática, dá um trabalho enorme, ainda mais quando é sua primeira vez como produtora, diretora e entrevistadora ao mesmo tempo. Haja visto que o receio de esquecer alguma coisa ou dar algo errado não me deixou dormir e isso prejudicou meu desempenho durante a filmagem no dia seguinte.

Finalmente, a filmagem!
Dia documentado: 26/07/2011, terça-feira, das 8h às 11h.


Com um sol maravilhoso após vários dias cinzas, chegamos ao bar ainda fechado e fizemos alguns takes do movimento na rua. Infelizmente, não tinha ninguém esperando o bar abrir para beber, mas logo chegaram dois garis que ficaram esperando a abertura para tomar café. Então filmamos Júlio - o dono e único funcionário do bar - abrindo aquelas portas de enrolar antigas vistas de fora e depois de dentro. São cenas interessantes para a abertura do filme, talvez.


Fachada do bar

Detalhe da porta aberta

Logo foram chegando os clientes e filmamos um pouco das conversas deles, sem intervir. Depois fomos sendo apresentados aos frequentadores pelo Júlio e alguns deles foram topando dar entrevista. Como eram senhores de idade e eu queria que eles me contassem histórias antigas, causos e tudo mais, achei melhor falar com um de cada vez, para poder dar mais atenção a cada um deles e fazer com que se sentissem à vontade pra falar.
Deu tudo certo, mas minha noite não dormida começou a incomodar o dia e eu não estava conseguindo me deixar levar nas conversas, às vezes esquecia o que queria perguntar e tinha que olhar a pauta sempre, o que deixou as entrevistas um pouco mais truncadas do que gostaria. Elas também foram um pouco mais apressadas do que deveriam e fiquei sentindo vontade de voltar lá outro dia mais pra frente. Mas talvez isso seja meu perfeccionismo falando mais alto, porque o resultado geral foi sucesso!
 
Tenho certeza de que as próximas filmagens fluirão melhor sem a ansiedade da primeira vez!


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